sábado, 7 de maio de 2011

Caravelas

 
Cheguei a meio da vida já cansada
De tanto caminhar!Já me perdi!
Dum estranho país que nunca vi
Sou nesse mundo imenso a exilada.

Tanto tenho aprendido e não sei nada
E as torres de marfím que construí
Em trágica loucura as destruí
Por minhas próprias mãos de malfadada!

Se eu sempre fui assim este Mar morto:

Mar sem marés,sem vagas e sem porto
Onde velas de sonhos se rasgaram!

Caravelas doiradas a bailar...

Aí quem me dera as que eu deitei ao Mar!
As que eu lancei à vida,e não voltaram!...
 
(Florbela Espanca)